sábado, 1 de dezembro de 2018

O CALENDÁRIO GREGORIANO


O calendário que usamos atualmente foi implantado por um papa há 433 anos. Confira 15 curiosidades sobre o calendário gregoriano:

O CALENDÁRIO GREGORIANO

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1 – Até o ano 46 antes de Cristo, vigorava em Roma um calendário dividido em 355 dias, distribuídos em 12 meses. Essa estrutura do ano civil sofria um sério desajuste ao longo do tempo: as estações do ano passavam a ocorrer em datas diferentes,porque o calendário não correspondia ao ano solar.

2 – Em 46 a.C., Júlio César, o ditador da República Romana, decidiu reformar o calendário para readequá-lo ao tempo natural. A reforma juliana teve duas etapas: na primeira, estabeleceu-se que o ano de 46 a.C. teria 15 meses e um total de 455 dias para compensar a defasagem (aquele ficou conhecido pelos romanos, e com toda a razão, como o “ano da confusão”). A segunda etapa da reforma consistiu em adotar, a partir de 45 a.C., um ano composto por 365 dias e 6 horas, divididos em 12 meses. Para compensar as 6 horas excedentes de cada ano, seria incluído um dia a mais em fevereiro a cada 4 anos.

3 – A reforma juliana melhorou a situação, mas a defasagem entre o ano do calendário e o ano natural permanecia, em consequência do movimento de elipse que a Terra faz ao redor do Sol. No século XV, por exemplo, o calendário juliano já estava atrasado cerca de uma semana em relação ao Sol. O equinócio da primavera no Hemisfério Norte caía por volta de 12 de março, em vez do dia 21.

4 – Em 1545, o Concílio de Trento determinou a realização de alterações no calendário da Igreja. Após décadas de estudos e cálculos astronômicos, o papa Gregório XIII instituiria o novo calendário em 1582, mediante a bula “Inter gravissimas”, a fim de adequar a data da Páscoa ao equinócio da primavera no Hemisfério Norte. É em homenagem ao papa Gregório XIII que o novo calendário foi chamado de gregoriano.

5 – Este ajuste implicou a supressão de 10 dias do mês de outubro daquele ano: do dia 4 de outubro de 1582, saltou-se para o dia 15 de outubro.

6 – Além disso, os dias bissextos que caíssem nos anos centenários (aqueles terminados em 00, como 1700, por exemplo) passariam a ser ignorados, a menos que fossem divisíveis de modo exato por 400 (como 1600 e 2000). Essa regra suprimia três anos bissextos a cada quatro séculos, deixando o calendário gregoriano suficientemente preciso e eliminando o atraso de três dias a cada 400 anos, que ocorria no calendário juliano.

7 – Apesar do ajuste nos anos bissextos, o ano do calendário gregoriano ainda tem cerca de 26 segundos a mais que o período orbital da Terra. Esta falha, no entanto, só acumula um dia a mais a cada 3.323 anos.

8 – Países católicos como a Itália, a Espanha, Portugal e a Polônia adotaram a mudança imediatamente, assim como a porção católica dos Países Baixos. Na França, Henrique III decretou o ajuste no mesmo ano, mas em dezembro.

9 – Os países de maioria protestante, porém, rejeitaram a alteração. As partes protestantes da Alemanha e dos Países Baixos só adotaram o novo calendário em 1700. A Grã-Bretanha demorou mais ainda: até 1752. O astrônomo Johannes Kepler chegou a observar que esses países preferiram “ficar em desacordo com o Sol a ficar de acordo com o papa”.

10 – Os países ortodoxos adotaram o calendário gregoriano somente no início do século XX. Na Rússia, por exemplo, a recém-criada União Soviética implantou o novo calendário em 1918. É por isso que a chamada “Revolução de Outubro”, de 1917, na verdade aconteceu em novembro, segundo o calendário gregoriano.

11 – Na Europa, os últimos países que adotaram o calendário gregoriano foram a Grécia, em 1923, e a Turquia, em 1926. Antes, como parte do Império Otomano, seguia-se nessas regiões o calendário muçulmano, que tem base lunar.

12 – A adoção progressiva do calendário gregoriano pelos diversos países, mesmo dentro do mundo cristão, provoca certa confusão na datação dos eventos históricos ocorridos entre os séculos XVI e XX.

13 – Por praticidade, o calendário gregoriano é hoje adotado como convenção para demarcar o ano civil em praticamente todo o planeta. Essa unificação, que facilita o relacionamento entre os países, se deve em grande parte à exportação histórica dos padrões europeus para o resto do mundo.

14 – Alguns povos, no entanto, conservam em paralelo outros calendários para usos religiosos ou por questões de tradição. O ano de 2015 no calendário gregoriano corresponde, por exemplo, ao ano de 2559 no calendário budista; a 5775–5776 no calendário hebraico; a 2071–2072 no calendário hindu Vikram Samvat; a 1937–1938 no calendário hindu Shaka Samvat; a 5116–5117 no calendário hindu Kali Yuga; a 1393–1394 no calendário iraniano e a 1436–1437 no calendário islâmico.

15 – Até hoje, as Igrejas ortodoxas do Oriente utilizam o calendário juliano para determinar a data da Páscoa, que, por essa razão, quase nunca corresponde à data da Páscoa católica.

ORIGEM DO ZERO

ORIGEM DO ZERO
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Embora a grande invenção prática do zero seja atribuída aos hindus, desenvolvimentos parciais ou limitados do conceito de zero são evidentes em vários outros sistemas de numeração pelo menos tão antigos quanto o sistema hindu, se não mais. Porém o efeito real de qualquer um desses passos mais antigos sobre o desenvolvimento pleno do conceito de zero - se é que de fato tiveram algumefeito - não está claro.

O sistema sexagesimal babilônico usado nos textos matemáticos e astronômicos era essencialmente um sistema posicional, ainda que o conceito de zero não estivesse plenamente desenvolvido. Muitas das tábuas babilônicas indicam apenas um espaço entre grupos de símbolos quando uma potência particular de 60 não era necessária, de maneira que as potências exatas de 60 envolvidas devem ser determinadas, em parte, pelo contexto. Nas tábuas babilônicas mais tardias (aquelas dos últimos três séculos a.C.) usava-se um símbolo para indicar uma potência ausente, mas isto só ocorria no interior de um grupo numérico e não no final. Quando os gregos prosseguiram o desenvolvimento de tabelas astronômicas, escolheram explicitamente o sistema sexagesimal babilônico para expressar suas frações, e não o sistema egípcio de frações unitárias. A subdivisão repetida de uma parte em 60 partes menores precisava que às vezes “nem uma parte” de uma unidade fosse envolvida, de modo que as tabelas de Ptolomeu no Almagesto (c.150 d.C.) incluem o símbolo ou 0 para indicar isto. Bem mais tarde, aproximadamente no ano 500, textos gregos usavam o ômicron, que é a primeira letra palavra grega oudem (“nada”). Anteriormente, o ômicron, restringia a representar o número 70, seu valor no arranjo alfabético regular.
Talvez o uso sistemático mais antigo de um símbolo para zero num sistema de valor relativo se encontre na matemática dos maias das Américas Central e do Sul. O símbolo maia do zero era usado para indicar a ausência de quaisquer unidades das várias ordens do sistema de base vinte modificado. Esse sistema era muito mais usado, provavelmente, para registrar o tempo em calendários do que para propósitos computacionais. 
É possível que o mais antigo símbolo hindu para zero tenha sido o ponto negrito, que aparece no manuscrito Bakhshali, cujo conteúdo talvez remonte do século III ou IV d.C., embora alguns historiadores o localize até no século XII. Qualquer associação do pequeno círculo dos hindus, mais comuns, com o símbolo usado pelos gregos seria apenas uma conjectura. 
Como a mais antiga forma do símbolo hindu era comumente usado em inscrições e manuscritos para assinalar um espaço em branco, era chamado sunya, significando “lacuna” ou “vazio”. Essa palavra entrou para o árabe como sifr, que significa “vago”. Ela foi transliterada para o latim como zephirum ou zephyrum por volta do ano 1200, mantendo-se seu som mas não seu sentido. Mudanças sucessivas dessas formas, passando inclusive por zeuero, zepiro e cifre, levaram as nossas palavras “cifra” e “zero”. O significado duplo da palavra “cifra” hoje - tanto pode se referir ao símbolo do zero como a qualquer dígito - não ocorria no original hindu.